sábado, 6 de dezembro de 2014

À todos os pássaros presos...

Os muros que te prendem são maiores que os portões que te soltam. O buraco é maior que teu passo. As nuvens que te turvam a visão são mais densas que o sol que logo vem. O rio que separa a paisagem é mais forte que as pontes que construiu.
Os furacões que devastam são mais poderosos que teus abrigos subterrâneos, e as avalanches que tudo destroem são mais potentes que tuas tendas.
Voe pássaro! Plaine os muros! Voe pra mais próximo do sol! Esqueça das pontes! Voe pássaro! Teu abrigo tornar-se-á o rochedo mais resistente da Terra!
O mundo é tão grande lá fora! As paisagens são infindáveis, as possibilidades também! Voe pássaro! Descubra que nada te torna mais extraordinário do que sua capacidade de voar!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Hoje escrevo...

Escrevo hoje sobre o outro lado do amor... O amor que renasce da dúvida, do medo, da mágoa...
Escrevo hoje sobre o amor lapidado paulatinamente, o amor bruto que precisa ser trabalhado com calma, paciência e entendimento para que possa se transformar em pedra preciosa.
Apresento hoje o amor que se expõe ao desentendimento, à palavras mal ditas, à balança desequilibrada da raiva, do ciúmes, das intrigas.
Muitas vezes machucamos as pessoas que mais amamos e somos machucadas por elas de maneira tão profunda que isso nos marca pra vida toda. ISSO MARCA O AMOR PRA VIDA TODA! Às vezes, poucos minutos são o suficiente pra desencadear uma discussão que extrapola a dimensão da normalidade, que transcendem o patamar de uma resolução saudável, ou, ao menos, amistosa.
Costumo dizer que no começo de uma relação somos pegos pela agnosia visual da paixão: vemos, mas não entendemos; vemos, mas não enxergamos com olhos de quem tem temperança... A paixão tem como truque principal a audácia de nos limitar ao mesmo tempo que nos faz sentir o super herói mais poderoso do mundo: quem nunca já sentiu que morreria se o outro se fosse? Quem nunca se sentiu capaz correr a São Silvestre pra declarar o amor por outra pessoa? A paixão nos faz sentir com super poderes! Mas, quem nunca já arrumou mil e uma desculpa pra falha do outro? Quem nunca achava lindo até mesmo o defeito mais inescrupuloso do outro? A PAIXÃO NOS  LIMITA!
Em tempos de paixão a convivência a dois é fácil, fácil porque no começo tudo é lindo, fácil porque tendemos a exaltar as qualidades do outro e ignorar completamente seus defeitos.
Passada a paixão, surge o amor, que, como já escrevi aqui, aparece com aquela mania de pensar demais! E aí, é como se -por um milagre- pudéssemos enxergar as coisas como de fato são: aparecem os defeitos, as brigas, as palavras mal ditas -enfatizo-; as mágoas, as lágrimas, as dúvidas, os medos, as incertezas, as angústias. Obviamente, o amor não é só isso, muito pelo contrário, o amor é muito mais amor do que qualquer outra coisa, mas, hoje me propus a mostrar a outra face do amor, e me atentarei a isso.
O amor desse meu texto, é aquele calejado pela rotina, machucado pela correria do dia a dia, ferido pelo costume de ter a outra pessoa. O amor que chora a cada briga, e o amor que não chora também, o que grita, e o que não o faz, o que gesticula, anda de lá pra cá, o amor que se sente esmagado, acuado e sem ter o que dizer. O amor que se sente impotente, inexperiente, e até mesmo insuficiente diante de uma situação embaraçosa de desconforto e de mal jeito.
O amor que sofre por si só, ou melhor, o amor que sofre pela falta de si só. O amor que corre o risco de se esvair a cada ressentimento e desentendimento. O amor que muitas vezes cede espaço pra contra ataques, orgulho, indiferença e corre o risco de se acabar pelo descuidado do comodismo, pelo descuidado do não cuidado.
Hoje escrevo sobre o amor tal como ele é: simples, humilde e sujeito a dor.


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Steps

A próxima etapa só se dá de forma amigável, quando a etapa atual fica bem resolvida...

Talvez nem todo mundo tenha parado pra pensar sobre isso, e isso acontece de forma tão natural, que na maioria das vezes nem nos damos conta. Passamos pela vida buscando coisas, ou desistimos no meio do caminho, ou, ao conseguir, descobrimos novas coisas pra se buscar.
Vivemos em etapas, amamos em etapas e nos conhecemos em etapas. É fundamental que passemos por cada uma delas e aceitemos tudo o que elas tem a nos oferecer, umas são incrivelmente mais fáceis e dóceis que as outras, já outras, nos fazem questão de lembrar amargamente cada instante que ainda não a superamos completamente.
Hoje, vou me ater às etapas das quais não desistimos, e muito mais do que a vontade, mas, a NECESSIDADE de seguirmos adiante.  
A opção por não desistir de uma etapa não está nenhum pouco atrelada a questão de facilidade, mas sim, ao custo benefício. Não importa quão difícil seja um caminho, desde que se tenha em mente o objetivo e se lute por ele com unhas e dentes! A satisfação da conquista supera qualquer dificuldade que se encontra no meio.
No caso de uma vida a dois, (e lá vou eu falar sobre o amor de novo)... as etapas são fundamentais, e são alicerçadas nas etapas anteriores e no desejo de se construir novas etapas. Ninguém se depara com um grande amor de repente, a convivência precisa ser trabalhada, e uma boa amizade e uma atração podem vir a ser amor. Uma vez frente ao amor, as coisas se dão de forma ainda mais engraçadas: o tempo vai passando, as etapas vão se desfazendo e vão se transformando em novas outras etapas... Quando nos damos conta, somos portadores de um amor que por mais intenso, mais imensurável, mais indescritível que seja, ainda assim, cabe dentro da gente.
E de repente, o amor se torna tanto que a gente percebe que é capaz de amar ainda mais, e é nessa hora que a gente nota que a etapa atual já não nos cabe mais e é preciso passar pra próxima etapa. O engraçado sobre o amor é que quanto à gente mais dá, mais a gente recebe. A gente se doa com a certeza de que seremos supridos por meio dele também. Em casos de etapas ininterruptas e contínuas, o amor não se acaba, pelo contrário, se renova, e anseia por novas etapas.
Em caso extremo, o amor se multiplica e então, nos deparamos com a forma mais concreta do amor: um menino ou uma menina, gêmeos, casais... O amor se multiplica! Transforma-se em Júlias, Cecílias, Bernardos, Felipes... Porém, essa não é a última etapa do amor, pelo contrário, a primeira de novas etapas que requerem novas formas de resolução e enfrentamento.
De todos os campos de nossa vida, o amor é os que nos presenteia com etapas mais prazerosas em sua totalidade, porque as dificuldades e as incertezas são compensadas não somente com um final feliz, mas, com a ânsia por novas etapas que constituem as nossas vidas ao mesmo tempo que as constituímos: sem se perder, sem negativar... se doar, doar, doar, e sempre se sentir imerso em um amor que, mesmo por maior que seja, cabe dentro da gente.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Inteiros.

Frequentemente somos pegos fazendo coisas que jamais faríamos, falando coisas que jamais falaríamos e vivendo como jamais pensamos que viveríamos.
Talvez eu acabe ficando maçante com essa minha insistência em querer escrever sobre como a vida muda, os interesses tornam-se outros e os objetivos completamente diferentes dos que traçamos em algum momento da vida.
Acontece que durante muito tempo fui fiel ao meu discurso de que ninguém precisava de ninguém pra ser feliz, e realmente não precisa! A questão é querer precisar... é abrir o coração e deixar-se pertencer! E eu sei que é justamente isso que me prendia, deixar-se pertencer é assumir uma vulnerabilidade muito grande, é deixar que outra pessoa tome as rédeas de sua vida junto com você, é correr o risco de perder o papel principal. Mas, ao me limitar a pensar somente nessas coisas, não podia compreender o outro lado, não podia perceber o turbilhão de sensações maravilhosas que transcenderiam qualquer tipo de medo caso eu me deixasse pertencer.
O que ninguém sabia, era que dentro de mim, vez ou outra, surgia uma vontade enorme de encontrar alguém, de poder experimentar, e quem sabe até mesmo me arrepender.
Engraçado a forma como Deus vai moldando cada aspecto da vida de gente, e nos leva pra um rumo muito melhor: por muito tempo senti algo dentro de mim, algo que batia descompassado, fora do ritmo, era o coração! Mas, esse coração que eu tinha dentro de mim não me pertencia! Não podia ser meu!Talvez as pessoas não saibam... mas, são necessários dois corações para que os batimentos se regulem. É como se cada coração fosse meio coração, e então, somente dois corações são capazes de se tornarem um coração inteiro. Acredito que, na maioria das vezes, Deus faz as pessoas pela metade, e mais uma vez, cada pessoa é na verdade meia pessoa, e somente no encontro de dois corpos/almas é que se obtém um corpo inteiro. Muitas pessoas têm a incrível graça de encontrar sua metade facilmente, outras, labutam um pouco mais, e ainda outras, deixam escapar sua metade por n motivos: falta de atenção, orgulho, prendimento à coisas banais e passam a vida inteira vivendo pela metade, e o que falta faz uma falta, não é?! (redundância?, asseguro-lhes que não!).
Acontece que em uma de muitas das voltas que a vida dá, me deparei com algo que desde o começo foi tão mais meu do que qualquer outra coisa, me deparei com um coração novo... E aquele coração que batia descompassado em mim, de repente tomou ritmo, movimento, e então, pude perceber que realmente o coração que batia em mim não era meu, era dele! E o meu coração, mesmo batendo nele, deixou transparecer logo de cara que soube quem o faria feliz!
E entre várias perguntas sobre o porquê e como isso tudo ocorre, chego a duas conclusões: 1- A vida muda porque a gente muda e 2- A gente muda porque a vida muda.
Não sei ao certo onde a minha vida começou a mudar, mas sei exatamente o porquê. Talvez seja ingenuidade minha querer traçar um ponto exato para minha transição, justamente por acreditar que o que eu sou hoje é resultado de várias intervenções ao longo da minha vida, mas, seria hipocrisia negar que existe um marco muito grande que separa quem eu fui de quem eu sou: meu coração.


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Lost

Estive preparando um post pra hoje que em muito (tudo) se relacionava com o anterior, mas ontem, navegando pela web, encontrei outro texto meu. Infelizmente, é mais um que se agrupa à uns textos que escrevi em meu primeiro blog (há muito tempo excluído), dos quais perdi a autoria.  Talvez, muito dos leitores não saibam, mas, hesitei muito em criar este blog devido à esses acontecimentos, que, de uma forma ou de outra, me fizeram pensar muito em relação a perdas futuras.
É realmente muito ruim ver textos meus sendo atribuídos à "autores desconhecidos" e até mesmo a grandes autores, como Mario Quintana. Certa vez, induzida pela falta de sono durante a madrugada, estava ouvindo uma rádio, e em certo momento iniciou-se uma narrativa da qual me apropriei de cada verbos/expressões/locuções verbais, me apropriei de cada sentimento... afinal, era o meu texto!Não sei dizer ao certo o que senti, foi um grande orgulho seguido por um desapontamento por não conseguir gritar pro mundo "Ei, esse texto é meu!".
Instalei programas no computador que me ajudariam a recuperar meus escritos (tinha mania de salvar no word o que escrevia no blog), mas, graças ao baixo potencial do programa, ou um fraco hd consegui recuperar pequenos fragmentos. Não sei se existe uma delegacia especializada nesse tipo de caso, mas se existisse, teríamos um grande trabalho pra conseguir recuperar os textos, verificar datas, endereço IP, testemunhas e mais um monte de coisa... todavia, eu estaria disposta mesmo assim!
Um dos fatores que não permite que eu consiga obter os direitos autorais dos textos de volta, é a minha não adesão à redes sociais... Acredito que uma corrente talvez fizesse com que alguns dos meus textos fossem atribuídos a mim, afinal, a rede que fez com que eu me desvinculasse dos meus textos, poderiam -com menos esforço- trazê-los de volta.
Com os pés no chão, sei da enorme dificuldade em conseguir os direitos autorais dos textos, mas, com o coração nas nuvens espero prontamente conseguir ser reconhecida pelo que escrevo, mesmo que isso seja feito através dos textos antigos, ou do meu turbilhão de sentimentos novos transpostos em novos posts.

Eis alguns dos trechos, pequenos fragmentos que restaram de alguns de meus textos, que carrego muito mais em meu coração do que em qualquer outro lugar:

"Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de
se decepcionar é grande. As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela. Temos que nos bastar… nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém. As pessoas não se precisam, elas se completam… não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida."

"Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você. O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você."

" Quem nunca mudou com o tempo? Aos poucos você vai deixando de escutar certas músicas, de usar certas roupas, de falar com certas pessoas. Mudar faz parte do ciclo da vida, embora a essência seja sempre a mesma. Quando encontrar um obstáculo grande na vida, não desanime ao passar, pois com o tempo ele se tornará pequeno. Não porque diminuiu, mas porque você cresceu."

"Amor não é se envolver com a pessoa perfeita, aquela dos nossos sonhos. Não existem príncipes nem princesas. Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos. O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser."

"Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra é bobagem. Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela.
Um dia nós percebemos que as mulheres tem instinto “caçador” e fazem qualquer homem sofrer.
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável.
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples.
Um dia percebemos que o comum não nos atrai… Um dia saberemos que ser classificado como o “bonzinho” não é bom.
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você.
Um dia saberemos a importância da frase: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”.
Um dia percebemos que somos muito importantes para alguém, mas não damos valor a isso.
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas aí­ já é tarde demais.
Enfim… um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer tudo o que tem que ser dito naquele momento. Não existe hora certa para dizer o que sentimos se quem estiver te ouvindo não te compreender, não te merecer.
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras…
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação."

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

"Seu sofrimento é, por opção, meu sofrimento também".

Sempre que penso em escrever, penso em escrever sobre o amor, mas sempre que me sento em frente ao computador é como se tudo o que eu quisesse escrever ficasse preso em minha cabeça. Talvez isso seja uma proteção -não espalhar pro mundo as coisas que eu descobri sobre o amor nesses últimos anos, me faz guardiã de certezas que ninguém pode roubar de mim-, talvez, seja uma dificuldade enorme de transpor em palavras um sentimento que requer muito mais gestos, é como fazer a prática virar teoria e correr o risco de pecar exorbitantemente por limitação.
Parece que antigamente escrever sobre o amor era mais fácil, acontece que antigamente eu escrevia sobre o que eu queria/imaginava/acreditava que o amor fosse, mas hoje, mal consigo escrever sobre o que eu tenho, sobre o que o amor É.
Costumo dizer que às vezes o amor aparece no portão da minha casa, com várias sacolas de super mercado, alguns sucos, uns pães de queijo pré assados, um sorriso na cara, e uma vontade imensa de ficar perto, camuflada por um comentário como: "que tal fazermos uma torta hoje?!". Às vezes o amor aparece na minha porta pedindo colo, com cara de cansado... Às vezes ele dá as caras só pra arrumar confusão, fazendo de uma gota d'água o dilúvio. Às vezes ele aparece só pra comer, outras, só pra dormir, e em outras, só pra me lembrar que está aqui.
Mas, independentemente de como ele apareça, sempre traz a certeza de que não vai mais embora, e, mesmo se quisesse, eu não o deixaria ir! Não é que eu seja dependente desse amor, mas, é uma opção minha querer precisar dele, é uma opção minha rir com ele, dançar com ele, cantar com ele, é opção minha sofrer com ele! É escolha minha olhar pra cara do amor nos dias que tudo parece dar errado e dizer: "Seu sofrimento é, POR OPÇÃO, meu sofrimento também", é escolha minha viver pra dois, sorrir pra dois e chorar pra dois! E minha decisão não é difícil de ser tomada pois eu tenho certeza que o amor faria o mesmo por mim, porque ELE JÁ FAZ!
De repente, de utopia inalcançável, o amor se tornou meu parceiro, com nome, sobrenome e endereço!
Talvez eu saiba porque hoje é tão difícil escrever sobre o amor, talvez só agora eu tenha descoberto que o amor vai MUITO além de qualquer definição...talvez, escrever sobre o amor tenha se tornado tão difícil pelo fato de já não mais conseguir ver onde eu termino e onde ele começa...

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Para vivermos plenamente, temos que morrer muitas vezes...

A vida é como um livro escrito todinho a lápis, passamos anos de nossa vida traçando planos pelos quais acreditamos que viveremos da forma mais fiel possível, até que de repente aparece alguma coisa e a gente precisa recorrer a borracha, apagar o que foi escrito e reescrever nossa história da melhor forma possível.
Muita das vezes, precisamos reescrever por motivos felizes, outras, somos forçados a reescrever pois encontramos dificuldades ao longo do caminho que nos obrigam a escolher novos finais.
Ao escrevermos nossa história assumimos o papel de protagonista, mas, de repente, como uma atriz melhor que a gente, aparece a vida, e nos bota no banco, quando percebemos, somos coadjuvantes das nossas próprias histórias, e aí a borracha entra outra vez!
Ao longo da vida, apagamos tanto as páginas de nossa história, que em algumas vezes, de tão gasta, é preciso virar a página, é preciso recomeçar, é preciso imaginar novas histórias e escrevê-las da forma mais bela possível e esperar que a vida seja gentil conosco e nos dê personagens que nos ajudem a construir a nossa trajetória.
Passamos a vida toda traçando objetivos e tentando alcançá-los ou até mesmo, traçando caminhos para descobrirmos um objetivo, e em algum momento da vida, percebemos que o que buscávamos o tempo todo era a felicidade  e para que consigamos vivenciá-la é necessário que se aprenda a viver plenamente e para se viver plenamente, é preciso morrer diversas vezes! É preciso ter papel e grafites gastos! É preciso ter paciência, força de vontade e fé. É preciso assumirmos nossa vulnerabilidade e o papel de escritores permanentes.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Two-way

Temos uma visão muito limitada acerca da vida. Nos prendemos a algumas verdades e nem se quer nos damos chances de olhar pras outras vertentes. Nascemos, crescemos, escolhemos um caminho e andamos por ele, às vezes os objetivos são traçados antes do primeiro passo, em outras, descobrimos onde queremos ir apenas na estrada. Algumas raras vezes, chegamos até nos permitir a mudar de ideia e traçar novos planos e novas formas de concretizá-los.
Por conta de um enorme cabresto, esquecemos que por trás de tudo, existe algo que tem um enorme poder de mudar tudo, de bagunçar, embaralhar ou até mesmo deixar intacto. Algo que é onipresente e atemporal, algo que é indissociável de qualquer matéria presente na Terra e possui o dom de ser ativo e passivo ao mesmo tempo em relação à esses mesmos seres: O TEMPO.
Uma vez escrevi que o tempo, diferente de que muitos dizem, não tinha o poder de curar feridas, mas, que por sua vez, tinha a delicadeza de tirar o incurável do centro das atenções. Eu estava errada. Por quantas vezes passamos por situações tão difíceis e a acreditamos que nunca vamos superar tais situações? Muitas vezes! Por quantas vezes achamos isso e já superamos? TODAS ELAS! Nada em nossa vida é incurável.A vida é uma estrada e o tempo é a nossa mão dupla!
Geralmente, pessoas angustiadas persistem no caminho da dor, da mágoa, da saudade, da lembrança, da raiva... É preciso perceber que tudo o que se sente pode ser transformado, no caso da morte, por exemplo, a dor pode se transformar em saudade, que coisa mais linda sentir saudade, lembrar com carinho da pessoa que se foi! É PRECISO OLHAR PRO LADO e perceber que a vida nos proporciona um novo caminho, uma mão dupla, e que ao pegar essa mão dupla,  não se pense em perda de tempo ao caminhar alguns quilômetros para trás, pois quando a vida te proporcionar retornos, lembre-se que o caminho já não vai ser o mesmo, a mão pode ser a mesma do início do trajeto, mas o tempo já não é o mesmo e você também já não será mais como era quando passou por aquele caminho pela primeira vez.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Carta de um filho que não nasceu.

"Mamãe, hoje se comemora um dia no qual não posso deixar de escrever à senhora. Eu, como meus amiguinhos, devia estar com a senhora, mas a senhora me trucidou, me esmagou, me assassinou. Enquanto esperava alimento a senhora me enviou veneno. Meu direito de nascer foi maior do que o direito de viver. Fui suplantado por mãos criminosas. Não nasci. Mamãe, a senhora podia perfeitamente me trazer a vida, a luz... Eu tinha um pai rico, os médicos e a maternidade estavam à disposição e a senhora me matou. Eu, tão inocente, fui entregue às mãos estúpidas de um médico que me estrangulou e me jogou nos esgotos da maternidade. Foram tantos mamãe, esses crimes!Só na minha cidade se cometem mais de 2 mil por dia!
Oh, mamãe! Como seria alegre o dia de hoje se eu estivesse em seus braços! Eu teria 5 anos! Que olhar bonito não seria o meu, mamãe!
Oh, mamãe! Porque a senhora me matou? Que mal eu fiz mamãe para a senhora me expulsar do seu seio? Qual triste a minha sorte, e tão grande a minha dor! Onde meu corpinho veio parar, mamãe?! Sendo fruto do amor, deveria estar no mais íntimo do coração e não no lugar mais pútrido, mais imundo e mais repugnante da cidade!
Mamãe, pense nisso! Mostre essa carta às outras mães, leia nas rádios e na TV, publique nos jornais, pois os crimes estão chamando e os ouvidos dos homens não estão surdos.
Olhe, mamãe, a casa da vizinha como está alegre, os pais com os seus filhos! Olha como os sacrifícios são compensados! A senhora não teve a generosidade de me trazer ao mundo, só teve a luxuria e a volúpia de um prazer carnal para me conceber. Foi tão grande o crime!
Mamãe! Eu era indefeso. Os meus ouvidos não ouviram a chama do crime, o meu nariz não sentiu o cheiro do sangue, os meus braços não podiam me defender.
Mamãe, os animais, por mais ferozes que sejam, respeitam os seus filhos, e a senhora fez isso comigo?! A senhora se tornou mais feroz do que a fera mais bruta! Não podia haver outro crime pior! Este não é o seu dia, hoje é dia das mães que souberam ser mãe. Das mães que se prolongaram nos seus filhos. Só estas podem comemorar o dia 13 de maio...
Mamãe, aqui fico com o meu perdão, que a senhora obterá com muitas lágrimas."

*** Encontrei esse texto em um caderninho que meus pais tinham quando namoravam, está escrito com a letra da minha mãe e datado em 16/06/1984. Eu já havia postado esse texto em meus blogs anteriores, mas achei que deveria postar aqui também. Esse texto merece rodar o mundo!

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Julho

Durante muito tempo me dediquei a venerar o verão, o sol e o calor que ele me proporcionava e por mais que a noite chegasse acompanhada de um calor estonteante, não há sol que esquente um mesmo lugar por 24 horas e aos poucos eu era tomada por um frio que vinha de dentro e ficava por ali mesmo... Por mais que eu soubesse que o sol brilharia no outro dia, essa certeza vinha acompanhada de outra certeza: a noite viria outra vez, e eu seria tomada por várias outras gélidas sensações.
Engraçado como tudo na vida muda, as coisas trocam de lugar, se refazem, reinventam e dão lugares a novas turbilhões de sensações, experiências, conhecimentos e certezas: hoje o frio já não é mais frio.
Quando me dei conta, pude perceber que nesses últimos anos o inverno se tornou sinônimo de filmes, pães de queijo, pães de alho e uma infindável variedade de sucos. Sinônimos de cebolas empanadas servidas em um restaurante bem legal, ou de shows que mesmo que me literalmente me façam esquecer a época fria do ano, me lembram de uma forma bem gentil no longo caminho de volta para casa, mas graças à um cd no rádio do carro e muitas risadas, me esqueço outra vez.
Talvez esse seja apenas mais um mês de julho com dias quentes que me façam esquecer do inverno, ou talvez seja mais um mês de julho com dias frios que também me façam esquecer do inverno, mas, uma coisa é certa: já faz algum tempo que adquiri um carinho especial pelo mês, um carinho especial pelo frio (que quase sempre passa despercebido) e um carinho especial pela vida!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Rua pintada e muita dor de (não) dente.

À três dias do início da Copa iniciou-se o movimento para enfeite da minha rua... Já faz anos que o povo sabia que a Copa seria no Brasil, com data, horário e tudo... Mas, não adianta, a única forma que se conhece de fazer as coisas por aqui é através do famoso" jeitinho brasileiro", é deixando pra última hora, é fazendo como dá.
Me lembro da Copa de 2002, o exército estava a postos: pincéis e bandeirinhas em mãos, latas de tinta, escadas, barbantes, tudo espalhado pela rua...
Acho que naquele tempo brasileiro era mais feliz, ingênuo e a preparação da Copa se dava tão naturalmente quanto a quermesse anual da igreja. Não sei se foram os brasileiros que se perderam, ou se o Brasil já foi brejo mesmo, mas, no ano em que a Copa ver a ser no Brasil deveria ser diferente, deveria ter "caras pintadas" pró collorAÇÃO!
Pode parecer que eu sou apenas mais uma pessoa que fecha os olhos para tudo o que essa temática envolve, mas, sou da seguinte opinião: Deveríamos ter hospitais, escolas, creches de melhor (muito melhor) qualidade? Sem dúvida! O Brasil gastou o maior montante de dinheiro gasto em toda a história da Copa! Mas, de nada adianta reclamar agora. Tudo está pronto. E mais uma vez o que vemos? Brasileiro e a sua terrível mania de reclamar demais e fazer de menos. Agora não adiantam protestos, passeatas e qualquer outra coisa, o que poderia ser feito deveria ser feito há muito tempo atrás, e sem querer sem anti-patriota, nem protesto brasileiro sabe fazer direito... Ano passado parece que o brasileiro se lembrou que tem voz, e mostrou sua voz! O problema foi quando as vozes foram virando outras vozes, os verbos e substantivos foram substituídos por outros e perdeu-se a coesão... A luta pela menor tarifa de ônibus, foi substituída por gritos pela legalização da maconha e por melhores condições de trabalhos para médicos e professores.
Talvez não seja nem os brasileiros e nem o Brasil que tenha se perdido, talvez tenha sido só eu e minha fé e esperança por um Brasil melhor... Porém, quem sabe eu não esteja tão errada... fomos colonizados na corrupção e padeceremos por meio dela também. Todavia, não adianta reclamar agora, tudo está consumado.
O Brasil está no purgatório... entre o céu e o inferno. Estamos a 64 jogos de se esquecer de toda a baixaria feita com o dinheiro público para sustentar a Copa, ou de maldizer amargamente o Brasil, sua má gestão e o tempo, dinheiro gasto com enfeite de rua.
Enquanto isso, me sento na beira da calçada e enlouqueço graças a má coordenação motora dos pintores de rua desse ano, ao meu TOC de perfeição, e a dois dentes sisos que dão o maior trabalho mesmo depois de arrancados e me impedem de por a mão na massa!


quarta-feira, 4 de junho de 2014

Não é o amor que sustenta um bom relacionamento, é o modo de se relacionar que sustenta o amor.

O amor não é causa primeira, o amor é consequência. O amor surge na tranquilidade de dois corações que tiveram tempo suficiente para se enlouquecer na euforia da paixão.
O amor é calmo, paciente, compassivo. O amor é humilde, cauteloso e infindável.O amor não aparece de repente, nem de qualquer forma. O amor é resultado. O amor não é gritante, chega a ser tímido. O amor só das as caras quando a paixão se vai e deixa no peito um buraco enorme, um monte de incertezas e uma mania terrível de pensar demais.
O amor nasce na mansidão de dois corações que mesmo depois de terem vivido a experiência de voar sentem a necessidade de colocar os pés no chão.

sábado, 31 de maio de 2014

Formas de ser eu.

Não pensei que a retomada dos textos seria tão difícil. Não sei se é a longa pausa ou uma criticidade maior que adquiri, mas, os meus pensamentos têm saído de mim como um aglomerado de palavras em sua forma mais bruta, mais mal acabada. É como se a graciosidade tivesse se perdido ou ficasse escondida com medo de que depois de tanto fluir, fosse guardada no mais profundo esquecimento outra vez.
Antigamente eu escrevia sobre o que eu achava que conhecia; o que eu achava que tinha e o que eu achava que era, e talvez eu realmente conhecesse, tivesse e fosse! Mas todos esses verbos no passado não me servem mais. Todos esses verbos no passado já não são mais eu.
Os verbos no passado foram se transformando em gerúndio, perderam a certeza do ser, e por uma obra misteriosa, se refizeram, mudando posições, radicais, prefixos, sufixos, se desfizeram, deram lugar a uma imensidão de verbos novos, sentimentos diferentes e novas certezas. As palavras passadas me deram suporte pra conseguir construir palavras novas. O que eu fui, todas as minhas certezas, todas as minhas dúvidas, me transformaram na pessoa que eu sou hoje.
É engraçado perceber que quem eu era já não pertence mais a mim, e o desejo que eu tinha de “vir a ser” forma o meu presente.
Sinceramente, sou feliz por poder olhar pra trás e perceber que por mais que eu não seja quem eu acreditei que seria, que não esteja onde eu achei que estaria e não faça o que imaginei que faria, me encontro muito melhor por sem quem sou, estar onde estou e fazer o que faço!

Outra vez...

Geralmente as pessoas começam um blog postando sobre os motivos que as levaram a fazer um, eu já fiz isso três vezes, e das três, a única coisa que restou foi o ensaio de um primeiro texto pra uma quarta tentativa...
Já larguei muita coisa na minha vida pela metade, brigas pela metade, alegria pela metade, treinos físicos pela metade, amizades pela metade... O que parecia incrivelmente bom no começo, de repente, se tornou maçante demais pra levar adiante. Certa vez, um amigo meu me perguntou o que me fez entrar no curso de Psicologia, depois de muito pensar, olhei pra ele e disse: "Acho que a pergunta mais certa a se fazer é: o que me mantém no curso"!.
Então, dessa vez, ao invés de me preocupar com justificativas plausíveis para o início do blog, vou me preocupar em manter viva a chama que me faz escrever... porque, afinal, deve haver alguma coisa que ainda ME emocione!